AGRO RURAL: DOURADOS MS SEJA BEM VINDO

É grande a satisfação em recebermos em nosso blog, procuraremos sempre adicionar matérias técnicas direcionadas principalmente à medicina veterinária. Dicas e sugestões, estamos à disposição. TFA.

ASSUNTOS:

Abril 10:

-BOVINOS DE CORTE: DESMAMA EM BOVINOS

-GADO DE LEITE: CONTROLE E SECAGEM DAS VACAS.

- SUINOCULTURA: ORIENTAÇÕES EM CRIAÇÃO CAIPIRA

- SAIBA MAIS SOBRE A GRIPE H1N1

- CURTIMENTO DA PELE DE COELHO

- CRIAÇÃO DE COELHOS

- RAIVA OU BOTULISMO ?

- MANEJO DE OVINOS

Maio 10:

- CANA DE AÇUCAR: UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA (EMBRAPA).

Julho 10:

- MORTALIDADE DE BOVINOS NO FRIO

Agosto 10:

- PICADA POR COBRAS: SINTOMAS E PRIMEIROS SOCORROS
- SABÃO CASEIRO













quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SABÃO CASEIRO


Um dos maiores problemas é a eliminação do óleo de cozinha pós uso. Não pode de forma alguma soltar óleo no "ralo", trazendo transtornos a curto tempo.
Abaixo, receitas simples para fabricação de sabão caseiro envolvendo óleo de cozinha usado. Tomar muito cuidado no preparo ao usar soda cáustica.



Sabão em barra caseiro – 1

Ingredientes:
1/2 kg de soda cáustica
1 litro de água;
3 litros de óleo de cozinha (usado e já saturado em frituras);
2 litros de álcool (de posto de gasolina).

Preparo:
Ferva 1 litro de água.
Simultaneamente, esquente bem 3 litros de óleo.
Coloque a soda cáustica na água fervendo, dentro de um balde de plástico e, imediatamente,
Retire o óleo do fogo e despeje por cima.
Em seguida coloque o álcool.
Mexa (com um pedaço de pau) durante 15 minutos.
Despeje numa caixa de papelão forrada com sacolas de plástico, vire as borda delas um pouco para cima.

Observação: A altura do sabão, dentro da caixa de papelão é em torno de 5 a 6 cm.


Sabão em barra caseiro – 2

Ingredientes e Preparo:
4 litros de óleo –
1 kg de soda caustica diluída em:
1 litro de água fervendo (Obs: Fora do fogo).

Preparo:
Misturar e bater todos os ingredientes até o ponto.
Colocar dentro de caixa de papelão, em altura de uns 5 cm.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

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PREVISÃO DO TEMPO PARA DOURADOS

PICADA POR COBRAS: SINTOMAS E PRIMEIROS SOCORROS


ANIMAIS PEÇONHENTOS

Uma picada inesperada poderá lhe causar enorme prejuízo em sua propriedade:
Saiba um pouco mais sobre sintomas e primeiros socorros:
SINTOMAS NOS ANIMAIS POR ENVENENAMENTO:
Os sintomas por picadas de cobras venenosas, dependem muito do tamanho da cobra, da quantidade de veneno injetado e da localização da picada. Os sintomas mais comuns são:
- No local ocorre inchaço e rubor ( vermelhidão) imediato;
- Febre;
- Andar cambaleante;
- Fraqueza;
- Dificuldade respiratória;
- Após 3 a 6 horas poderá ocorrer equimose (manchas vermelhas espalhadas na pele);
- Poderá aparecer no local da picada, bolha com sangue;
- Pode-se ocorrer hemorragias pelas cavidades naturais ( principalmente narinas);
- Presença de sangue na urina;
- Em dias posteriores, se não tratados, ocorre destruição do tecido no local ( necrose );

PRIMEIROS SOCORROS:
- Imediatamente após a observação da picada, aplicar o SORO ANTIOFIDICO LEMA diluindo o conteúdo do frasco do produto liofilizado, com o diluente (50 mL) da seringa acompanhante. Depois de reconstituído, o produto deve ser aplicado imediatamente. De um modo geral, recomenda-se 1 (um) frasco reconstituído contendo 50 mL por via subcutânea em uma única dose, devido à sua alta concentração. Se os sintomas não regredirem, pode ser necessária mais uma aplicação por via endovenosa lenta;
- Não locomover ou agitar o animal com sintomas;
- Hidratar o animal;
- Fazer curativo local;
- Fazer o uso de antibióticos ( prontocilin ), no mínimo por 1 semana;
O SORO ANTIOFIDICO LEMA é indicado para o tratamento de acidentes causados por picadas de serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, atrox, neuwidii e outras) e por picadas de serpentes do gênero Crotalus (cascavéis). Pode ser aplicado em todas as espécies animais.
As cobras peçonhentas se alimentam de pequenos roedores, vivem em regiões de pedras (cascavéis),brejos ( principalmente a jaracaca) e no cerrado e terras cultivadas ( principalmente as urutus).
O número de acidentes ofídicos tem aumentado consideravelmente devido à alta taxa de desmatamento e a fatores climáticos, assim é importante ter sempre um kit do Soro Antiofídico na propriedade, pois a rapidez no atendimento é fator decisivo para o êxito no tratamento.

terça-feira, 20 de julho de 2010

MORTALIDADE DE BOVINOS NO FRIO

MORTALIDADE DE BOVINOS NO FRIO


Em nosso estado ( Mato Grosso do Sul ), nos deparamos com uma surpreendente mortalidade em bovinos. Esta tragédia ocorre por diversos motivos a considerar:
1- A brusca queda de temperatura ( aproximadamente 22ºC em 24 horas).
2- Baixa imunidade dos animais.
3- Aglomeração de animais, principalmente confinados.
4- Superlotação de pastagens.
5- Falta de alimento (capim) decorrente de ausência de chuvas.
6- Presença de endoparasitas.
Estes principais fatores pré disponentes faz com que uma bactéria oportunista do gênero Pasteurella multiplique rapidamente nos animais, principalmente nos mais fracos e novos, acometendo o sistema respiratório dos animais. A bactéria vencendo esta primeira etapa de defesa no sistema respiratório (macrófagos), vai enfrentar a 2ª linha de defesa dos animais que são os Neutrófilos. A velocidade de multiplicação, das bactérias é bem superior à produção de Neutrófilos, desencadeando desta forma a “Pasteurelose”. A temperatura ambiente baixa faz com que os animais mais susceptíveis entrem em o que chamamos de “choque hipotérmico”, causando mortalidade imediata.

DICAS:
Não podemos controlar a inversão térmica, mas algumas medidas preventivas podemos adotar:
- Vacinar os animais contra esta patologia (Pasteurelose).
- Vermifugar os animais na entrada do inverno.
- Suplementar os animais.
- Manejo correto n o que se refere a lotação de pastagens.

Autor: VILI SCHULZ – Médico Veterinário CRMV-MS 1467

quinta-feira, 6 de maio de 2010

CANA DE AÇUCAR: UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA (EMBRAPA)





COT Nº 73, dezembro de 2002

CANA-DE-AÇÚCAR:
UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA

Luiz Roberto Lopes de S.Thiago
Jairo Mendes Vieira
INTRODUÇÃO
Dentre as gramíneas forrageiras, a cana-de-açúcar se destaca por dois aspectos: alta produção de matéria seca (MS) por hectare e capacidade de manutenção do potencial energético durante o período seco. Além disso, o seu replantio se faz necessário apenas a cada quatro ou cinco anos.

Entretanto, a cana-de-açúcar é um alimento desbalanceado, com baixos teores de proteína e altos teores de açúcar, sendo que este último nutriente depende da época do ano e da variedade utilizada. Por essa razão, não é aconselhável o seu uso como alimento exclusivo.

A ensilagem do excesso da canade- açúcar é uma ferramenta que pode ser usada para facilitar o manejo dos talhões, e tratamentos como a hidrólise ou fermentação (sacharina) podem aumentar o seu valor nutricional. O objetivo deste trabalho é apresentar formas de utilização da cana-de-açúcar na alimentação de bovinos durante o período de seca.


PRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é insuperável em termos de produção de matéria seca e energia/ha, em um único corte. Nas condições de Brasil Central, a produção de cana integral fresca/ ha/corte pode variar entre 60 e 120 toneladas, por um período de até cinco anos (maior produção no primeiro ano).

As pontas constituem cerca de 20%–30% desse total. Para assegurar uma melhor distribuição qualitativa durante a seca e reduzir problemas com florescimento, a Embrapa Gado de Leite (2002a) recomenda plantar metade da área com variedades de cana precoce (RB 83-5486; RB 76-5418; SP 80-1842; e IAC 86-2210), e a outra, com variedades médias/tardias (CB-45-3; RB 72-454; SP 71-1406; RB 73-9743; RB 73-9359; SP 70-1143; e SP 79-1011).

Todas essas variedades são destinadas para a indústria, mas já existem programas de melhoramento genético de cana para fins forrageiros (Landell et al., 2002). Deste trabalho resultou o lançamento, em 2002, da variedade IAC 86-2480, com hábito de crescimento ereto, bainha aderida fracamente ao colmo (facilitando a desfolha natural), e uma boa relação entre o teor de fibra e a quantidade de açúcar.

Este último aspecto resultou em um aumento de 17% no ganho de peso, em comparação com a variedade industrial RB 72-454 (Rodrigues et al., 2002 citado por Landell et al., 2002). O plantio é feito em sulcos de 30 cm de profundidade e espaçamento de 1,20 metro, onde são deitados toletes do colmo de cana, com três a quatro gemas. Para o plantio de 1 hectare são necessários de 8 a 12 toneladas de colmos, ou cerca de 1.000 m2 de viveiro.

Usar colmos de plantas sadias com oito a doze meses de idade.

Na ausência da análise local do solo, a Embrapa Gado de Leite (2002a) sugere, para solos de mediana fertilidade, distribuir 2 t/ha de calcário, com dois meses de antecedência ao plantio, e no sulco, antes de deitar os colmos, aplicar 400 kg/ha da fórmula 05-25-20. Três meses após o plantio, aplicar em cobertura 110 kg de uréia ou 250 kg de sulfato de amônio/ha.

Para garantir boa persistência do canavial, aplicar adubação de cobertura após cada corte, usando a fórmula 20-10-20, na base de 400 kg/ha, no início das chuvas. Em função do tamanho do canavial, a aplicação de esterco de curral é altamente recomendável.

O plantio pode ser feito entre os meses de outubro e novembro, com produção menor, mas já disponível na próxima seca, ou entre janeiro e março, com maior produção, mas disponível apenas na seca do ano seguinte. Na fase inicial, manter o canavial limpo e com controle rigoroso no ataque de formigas.

A área a ser plantada depende da produção esperada por hectare e do número de animais e dias de alimentação. O cálculo desta área é feito da seguinte forma:

• Supor uma produção de 120 t/ha
• 100 animais com peso vivo médio de 300 kg

• 150 dias de alimentação

• Oferta diária/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).

Para calcular a quantidade total necessária de cana: 100 (número de animais) x 150 (número de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg.
Para calcular a área a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) ÷ 120.000 (produção de cana/ha) = 2,25 ha.

Deve-se lembrar que a produção do primeiro ano é maior em relação às produções seguintes, por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de área para plantio, como margem de segurança, passando então para uma área final de 2,5 ha de cana.


COLHEITA
Pode ser manual ou mecânica, dependendo da quantidade a ser trabalhada diariamente. Deve ser feita quando a cana estiver madura (período da seca), quando maior será o teor de açúcar (40%–50%, base matéria seca) e melhor o valor nutricional. Não deve ser utilizada durante a fase de crescimento (período das chuvas). Após o corte, a cana pode ser armazenada na sombra, por até três dias; entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de forma a reduzir os efeitos negativos da fermentação sobre o seu consumo.

Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se for possível, devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de forragens existentes no mercado apresentam capacidade de corte próxima de 25 t/hora, e tamanho de partícula ajustável entre 3–18 mm.

Possíveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso deve ser evitado, pois compromete o manejo e a produção do canavial. O ideal seria conservar essa sobra sob a forma de silagem ou desidratação (85% a 90% de matéria seca).


VALOR NUTRICIONAL
O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com o seu alto teor de açúcar (40%–50% de açúcares na matéria seca), visto que seu teor de proteína é extremamente baixo. O resultado é um alimento nutricionalmente desbalanceado, e quando oferecido como único componente da dieta, o consumo é baixo e não é capaz de atender nem mesmo as necessidades de mantença do animal. Portanto, se o objetivo for alcançar mantença ou ganhos de peso, a cana-de-açúcar, necessariamente, precisa ser suplementada.

Para se atender a situação de mantença ou ganho pouco acima da mantença, a opção mais simples e barata é usar o nitrogênio não protéico (uréia + sulfato de amônio). Este suplemento vai atender diretamente as exigências nutricionais dos microorganismos do rúmen, resultando em melhor consumo e utilização de nutrientes. Já para alcançar ganhos de peso, é necessário atender também as exigências nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais como farelos, grãos, rações etc. O resultado seriam ganhos entre 400 e 700 g/dia para bovinos em crescimento.

Em função do seu alto teor de carboidratos solúveis, a cana é classificada como um volumoso de média qualidade (valor médio de 58,9% de nutrientes digestíveis totais – NDT), mas com baixos teores de proteína bruta (valor médio de 3,8%) e fósforo (valor médio de 0,06%).


SUPLEMENTAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR
A cana pode suportar diferentes níveis de desempenho animal, dependendo da forma em que for suplementada. O primeiro nutriente a ser corrigido é o nitrogênio, por ser um elemento essencial para o uso do alto potencial energético da cana. A forma mais simples e barata de atender essa exigência é com a uréia mais uma fonte de enxofre.

Ao alcançar o rúmen, a uréia libera amônia, que, combinada com os produtos da digestão do açúcar (os ácidos graxos voláteis), irão formar a proteína microbiana. Este tipo de suplementação é conhecido como Sistema Cana + Uréia, que, segundo a Embrapa Gado de Leite (2002b), consiste do seguinte:

Preparar uma mistura de 8,5 partes de uréia + 1,5 parte de sulfato de amônio (fonte de enxofre), guardando-a logo em seguida, nos próprios sacos da uréia (amarrar bem a boca do saco, pois a uréia absorve muita umidade e endurece) e estocar até o seu uso.

Para os primeiros 10 dias de alimentação, aplicar com um regador 500 g desta mistura, dissolvida em 4 litros de água, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida aos animais, que devem ter livre acesso à mistura mineral e água.

Do décimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca triturada. Esta dieta fornecerá nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantença ou um pouco acima (até 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade da planta ao corte.

Para ganhos maiores (0,4–0,7 kg/dia), é necessário fornecer nutrientes adicionais a uma dieta de cana tratada com uréia, em uma quantidade variando de 15%–25% do consumo total de matéria seca, como mostrado na Tabela 1.


Tabela 1. Efeito do uso de suplementos para bovinos recebendo dietas
à base de cana + uréia, no consumo de matéria seca e ganho de peso diário

Suplemento ganho(kg/ani/dia) consumo cana (%PV1) fornecimento (Kg/dia)
Farelo de arroz 1,0 2,20 0,721
Farelo de algodão 0,6 1,92 0,500
Milho triturado 1,0 2,18 0,462
Sorgo triturado 1,0 - 0,372
Sem suplemento 0,0 1,84 0,131
1PV = peso vivo
Fonte: Moreira (1983) citado por Boin & Tedeschi (1993).
Em rações para animais em engorda confinados, a substituição da silagem de milho ou sorgo pela cana, como forma de reduzir custos com alimentação, fatalmente vai resultar em redução no desempenho animal, aumentando o custo da arroba ganha no confinamento. Isto foi observado por Duarte et al. (1996), em uma situação em que novilhos cruzados em confinamento receberam à vontade silagem de milho, silagem de sorgo ou cana-de-açúcar, mais 2 kg/ animal/dia de uma ração concentrada.

Os animais apresentaram os seguintes ganhos de peso vivo (kg/animal/dia):

silagem de milho = 1,199 kg;
silagem de sorgo = 1,185 kg; e
cana-de-açúcar = 0,642 kg.
Este menor desempenho da cana resultou em um custo de US$ 40,00 por arroba ganha no confinamento, superior ao custo obtido com a silagem de milho (US$ 22,00) ou sorgo (US$ 34,00), embora o custo/tonelada desses volumosos tenha sido menor para a cana (US$ 11,00) em comparação às silagens de milho (US$ 19,00) ou sorgo (US$ 28,00).
Apesar desses resultados, a cana pode ser uma opção de volumoso na engorda de animais zebu, que iniciam a engorda com idade acima de 30 meses, ou em situações de fontes de ingredientes para concentrados mais baratas (por exemplo levedura em usinas de álcool).


CANA HIDROLISADA
É o resultado de um tratamento químico da cana in natura, com soda cáustica (2 a 4 g de hidróxido de sódio por quilo de matéria seca de cana triturada). Na prática, tem-se usado 20 kg de uma solução de 50% de soda cáustica por tonelada de matéria fresca de cana triturada (No Paraná...1998).

A aplicação é feita usando-se um bico pulverizador instalado no tubo de descarga de uma colhedeira de forragem. Cuidados especiais devem ser tomados com a soda cáustica, por ser um produto altamente corrosivo. Este tratamento pode aumentar a digestibilidade e o consumo da cana. O fator custo, bem como as características corrosivas da soda cáustica, limitam seriamente o uso deste tratamento na propriedade rural.


SACCHARINA
É um produto, desenvolvido em Cuba, resultante da fermentação aeróbica (fermentação ao ar livre) da cana-deaçúcar com uréia. Sua maior vantagem em relação ao sistema cana + uréia, seria um maior teor de proteína verdadeira, pela fermentação do açúcar, existente na cana, com a amônia proveniente da uréia, e realizada por leveduras e bactérias.

Segundo dados da literatura, após o período de fermentação a cana passa a apresentar um teor de proteína bruta entre 11% e 16%, sendo que desta, cerca de 8,9% a 13,9%, respectivamente, é proteína verdadeira (Demarchi, 2001). Entretanto, parece que isto não ocorre plenamente (Zanetti et al., 1993). O processo consiste no seguinte: a cana picada é distribuída em um piso revestido (camadas de 5 a 10 cm), coberto, mas bem ventilado.

Para cada tonelada de cana picada, aplicar cuidadosamente 17 kg da seguinte mistura: 15 kg de uréia + 5 kg de uma mistura mineral + 2 kg de sulfato de amônio. Essa mistura deve ser a mais uniforme possível, e logo após a mesma, manter a cana tratada em uma camada mais espessa, entre 20 e 25 cm, a fim de assegurar condições de umidade necessária para a fermentação.

Esta fermentação deve durar entre 24 até um máximo de 48 horas, podendo então a cana tratada ser fornecida para os animais. Um outra opção seria secar (máximo de 10% a 15% de umidade) e estocar para posterior uso (conserva-se bem por períodos de até seis meses).


SILAGEM DE CANA
A alta produtividade da cana e a coincidência do seu ponto de amadurecimento (maiores teores de açúcar na MS) com a época de menor produtividade das pastagens, fazem com que a mesma seja uma boa opção de forragem in natura para uso na seca. Entretanto, fatores como excesso de produção ou disponibilidade de mão-de-obra e máquinas para o seu corte diário, podem favorecer uma decisão pela sua ensilagem, apesar da menor digestibilidade e consumo da cana ensilada, quando comparada com a cana in natura.

Para ensilar a cana com sucesso, é importante observar a época do corte (deveria ser durante a seca, quando a cana está com altos teores de açúcar e matéria seca ao redor de 30%), a eficiência de corte da cana pelas máquinas (tamanho de partículas entre 2 e 5 cm), boa compactação no silo (de preferência usando trator) e fechamento do mesmo em três dias no máximo, usando-se lona plástica, garantindo com isto, uma total expulsão do ar (fermentação anaeróbica).

Apesar de todo este cuidado, a composição da cana vai favorecer uma elevada produção de ácido acético e álcool (ação de leveduras), prejudicando o seu consumo. O ideal é se houvesse uma maior produção de ácido lático. O uso de aditivos biológicos não tem mostrado resultados consistentes, entretanto, a adição de uréia (0,5% da matéria original) juntamente com o rolão de milho (10% a 12% da matéria original) tem contribuído para melhorar consumo.


BAGAÇO DE CANA
O bagaço é o principal resíduo da indústria da cana e representa aproximadamente 30% da cana integral moída. É um produto de baixo valor nutricional e qualquer tentativa do seu uso na alimentação animal deve estar associado a algum tipo de tratamento físico (pressão e vapor) ou químico (amônia, soda cáustica).

O teor de proteína na matéria seca, fica entre 1% e 2%, sendo que 90% do nitrogênio pode estar indisponível associado com a fibra, e o teor de fibra ácida entre 58% e 62%. Isto resulta em digestibilidades baixas (25% a 30%), tornando-o um alimento, in natura, de valor nutricional desprezível.

O uso acima de 20% de bagaço em rações requer um tratamento, e o físico é o que tem maior possibilidade de êxito. Isto limita o seu uso ao local de sua produção ou em propriedades bem próximas ao mesmo.


CONCLUSÃO
A cana-de-açúcar apresenta grande potencial forrageiro por duas razões principais: alta produção de massa e manutenção da qualidade durante a seca. Apresenta limitações nutricionais.

Dietas exclusivas de cana + uréia + minerais, resultam em mantença do peso vivo. O uso de suplementos protéicos/energéticos perfazendo 15% a 25% do consumo total de matéria seca, pode resultar em ganhos da ordem de 400 – 700 g/animal/dia.

A cana pode ser ensilada, mas este processo reduz o seu consumo. O uso de aditivos pode melhorar o consumo. O bagaço de cana pode apresentar algum potencial forrageiro após tratamento, entretanto, o custo do mesmo é um fator limitante.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOIN, C.; TEDESCHI, L. O. Cana-de-açúcar na alimentação de gado de corte. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 5., 1993, Piracicaba. Anais...Piracicaba: FEALQ, 1993. p. 107-126.

DEMARCHI, J. J. A. de A. A conservação da cana-deaçúcar na forma de sacharina. Disponível em: . Acesso em: 9 abr. 2001.

DUARTE, J. O.; MONTEIRO, J. A.; MIRANDA, J. E. C.; VIANA, A. C. Resultados financeiros de confinamento de bovinos alimentados com silagens de milho e sorgo e capim. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 21., 1996, Londrina. Resumos... Londrina: ABMS, 1996. p. 334.

EMBRAPA GADO DE LEITE. A formação do canavial exige cuidados. Juiz de Fora, 2002a. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2002.

EMBRAPA GADO DE LEITE. Cana com uréia. Alternativa para enfrentar o período seco. Juiz de Fora, 2002b. Disponível em: Acesso em: 22 nov. 2002.

LANDELL, M. G. A.; CAMPANA, M. P.; RODRIGUES, A. A.; CRUZ, G. M.; ROSSETO, R.; FIGUEIREDO, P. A variedade IAC 86-2480 como nova opção de cana-deaçúcar para fins forrageiros: manejo da produção e uso na alimentação animal. Campinas: IAC, 2002. 36p. (Boletim Técnico IAC 193 Série Tecnologia APTA).

NO PARANÁ, volumoso para superprecoces. DBO Rural, v. 17, n. 217, p. 64-66, 68, nov. 1998.

ZANETTI, M. A.; VELLOSO, L.; MELLOTI, L.; RUIZ, R. L.; CARRER, C. da C. Digestibilidade aparente e balanço de nitrogênio em ovinos consumindo saccharina. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 28, n. 12, p. 1431- 1435, 1993.



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Todos os

domingo, 25 de abril de 2010

DESMAMA EM BOVINOS

EMBRAPA CENTRO OESTE :


DESMAMA EM BOVINOS DE CORTE


O atraso na manifestação do primeiro cio pós-parto (anestro) é uma das principais causas do baixo desempenho reprodutivo da pecuária de corte e está relacionado à deficiência nutricional e à intensidade/freqüência de amamentação. Levando em consideração esses fatores e visando poupar a vaca do estresse da amamentação, sem prejudicar o desenvolvimento do bezerro, os criadores realizam a desmama, tradicionalmente, aos 7-8 meses de idade. Nesta idade, o animal já pode ser considerado um ruminante e tem plena condição de utilizar forragem sólida como única fonte de energia e de nutrientes de que necessita. Além do mais, a participação do leite na dieta do bezerro é pequena após o terceiro mês de lactação.

Dessa forma, para os animais nascidos entre agosto e outubro, provenientes da estação de monta de novembro a janeiro recomendada pela EMBRAPA-CNPGC, para o Brasil Central, a desmama tradicional deve ocorrer em duas etapas, nos meses de fevereiro e abril. Após a separação, os bezerros devem ser colocados em pastagens adequadas (forrageiras de alto valor nutritivo, pequeno porte e alta densidade), bem afastados das mães e sem a menor comunicação. Observações realizadas na EMBRAPA-CNPGC, com mães e crias desmamadas e separadas em pastos adjacentes, demonstraram maior tranqüilidade, tanto para as vacas quanto para os bezerros, desde os primeiros dias. Entretanto, tal separação exige a construção de cercas apropriadas que evitem possíveis mamadas. Para facilitar o manejo, alguns criadores mantêm usualmente as crias no mangueiro de quatro a sete dias pós-desmama, fornecendo água, ração no cocho e capim fresco à vontade.

Uma alternativa para amenizar o estresse da separação é o tradicional "amadrinhamento", ou a colocação de animais adultos junto com os recém-desmamados, que tem a função de "acalmá-los". Se possível, os bezerros devem ser desmamados tirando-se as mães do piquete de desmama, de forma que aqueles permaneçam em ambiente conhecido. Bezerros devem ser checados com freqüência e, os doentes, removidos imediatamente do piquete para uma área de isolamento, ajudando a prevenir a disseminação de doenças, e devidamente tratados. Nos primeiros dias após a separação, deve-se evitar distúrbios aos recém- desmamados. Transporte e comercialização devem ser evitados. Se viagens forem necessárias, devem ser o menos estressante possível. Os piquetes devem ser protegidos contra ventos e providos de sombra, reduzindo-se os estresses climáticos adicionais. O tratamento preventivo de doenças deve ser feito por meio de vacinações, como também o controle de ecto e endoparasitos, seguindo um rígido manejo sanitário. Enfim, todos os esforços e precauções devem ser administrados no sentido de se manter o estresse a um mínimo, durante o processo de desmama.

Com o objetivo de acostumar a cria a comer no cocho desde cedo, aumentar o peso à desmama dos bezerros e poupar a vaca da intensa amamentação, alguns criadores vêm utilizando o sistema "creep-feeding". Esse método consiste em suplementar o bezerro ao pé da vaca, com ração balanceada no cocho, dentro de um cercado, por meio de dispositivos que permitem o acesso exclusivo da cria. Em vez de ração no cocho, o mesmo cercado pode compreender um pequeno pasto diferenciado, formado com forrageiras de alto valor nutritivo, pequeno porte, alta densidade e devidamente adubado. Tal sistema tem os mesmos objetivos do sistema anterior e é denominado "creep-grazing".


DESMAMA PRECOCE

Essa prática consiste em separar o bezerro, definitivamente, bem mais cedo, aos 90-120 dias de vida. Ela é recomendada para períodos de escassez de forragem e tem a finalidade de reduzir o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da vaca, permitindo que estas recuperem seu estado corporal e manifestem o cio. Em se tratando de novilhas de primeira cria, cujo desenvolvimento ainda é incompleto, a desmama precoce pode ser uma boa opção, principalmente em anos com secas prolongadas. Para a maior eficiência do sistema, entretanto, é preciso que esta prática ocorra dentro da estação de monta, possibilitando a reconcepção imediata. Assim sendo, para a estação de monta anteriormente citada (novembro a janeiro), ocorreriam duas desmamas: em novembro e em janeiro.

Apesar da reduzida influência do leite sobre o ganho de peso de bezerros, após o terceiro mês de lactação, quando estes já estão pastando e ruminando plenamente, a desmama precoce pode apresentar efeitos negativos quanto ao desenvolvimento ponderal e fertilidade à maturidade sexual das fêmeas, bem como provocar o aumento da taxa de mortalidade. Para que não ocorram problemas dessa natureza, recomenda-se:

a) desmama de bezerros com peso superior a 90 kg;

b) desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);

c) pastos diferenciados para animais desmamados precocemente;

d) suplementação com ração concentrada até 5-6 meses de idade;

e) uso de "creep-feeding" ou "creep-grazing" na fase pré-desmama.



DESMAMA TEMPORÁRIA OU INTERROMPIDA

A remoção temporária do bezerro é uma técnica de fácil adoção e custo zero, empregada para se melhorar a fertilidade de rebanhos de corte. Consiste em separar o bezerro da vaca, por um período de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias após o parto.

O efeito da interrupção temporária do estímulo da amamentação promove o restabelecimento do ciclo estral, ou seja, o aparecimento do cio, podendo melhorar a taxa de concepção das vacas em até 30%. Entretanto, sua eficácia dependerá da condição corporal da fêmea, por ocasião de sua utilização. Vacas em péssimo estado corporal não respondem satisfatoriamente à desmama temporária. Neste caso, a desmama precoce é mais recomendada. O mesmo ocorre com vacas em bom estado nutricional, pois estas já manifestam cio regularmente. Essa prática tem seu maior efeito quando a condição corporal é regular, com fêmeas em regime de ganho de peso.

Os bezerros podem permanecer no mangueiro, por 48 a 72 horas, durante a separação temporária, com água e forragem (feno, capim fresco ou ração) à vontade, enquanto as mães pastam e descansam nas mangas do lado de fora. Essa proximidade serve para "acalmar" os animais. A separação temporária não oferece o menor prejuízo ao peso dos bezerros à desmama definitiva (7 meses).

Outra alternativa para manter a cria ao pé da vaca, reduzindo o estresse da separação, é o uso de "tabuleta". Consiste em um dispositivo aplicado no focinho do bezerro, durante cerca de sete dias, permitindo-lhe o pastejo e ingestão de água, embora as mamadas lhe sejam impedidas. Entretanto, sua viabilidade prática para grandes rebanhos de corte é discutível.



DESMAMA CONTROLADA

Devido à intensidade e à freqüência das mamadas, um certo grau de anestro é observado em praticamente todas as fêmeas que amamentam suas crias, podendo se agravar em situações de desnutrição. Baseado nisto, essa prática preconiza a diminuição da amamentação, com

considerável aumento sobre a taxa de prenhez, à semelhança do que ocorre com o gado leiteiro. Além de poupar a mãe de freqüentes mamadas, esse processo vai acostumando o bezerro para a desmama definitiva.

A amamentação controlada consiste em permitir a permanência do bezerro com a mãe durante dois curtos períodos do dia, entre 6 e 8 horas e das 16 às 18 horas, a partir do 30º dia de vida. Como se pode verificar, essa prática também é inviável para grandes rebanhos de bovinos de corte.


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