AGRO RURAL: DOURADOS MS SEJA BEM VINDO

É grande a satisfação em recebermos em nosso blog, procuraremos sempre adicionar matérias técnicas direcionadas principalmente à medicina veterinária. Dicas e sugestões, estamos à disposição. TFA.

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- RAIVA OU BOTULISMO ?

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Maio 10:

- CANA DE AÇUCAR: UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA (EMBRAPA).

Julho 10:

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Agosto 10:

- PICADA POR COBRAS: SINTOMAS E PRIMEIROS SOCORROS
- SABÃO CASEIRO













sábado, 17 de abril de 2010

BOVINOS: RAIVA BOVINA OU BOTULISMO ?

BOVINOS
RAIVA BOVINA ou BOTULISMO ??

Com o surto tanto de raiva bovina, como de botulismo nestes últimos 30 dias, o Diário MS solicitou ao médico veterinário Vili Schulz, uma explicação mais aprofundada destas 2 patologias com sintomas muito parecidos, mas que nada tem haver uma com a outra, para os leitores deste jornal.

ETIOLOGIA:
A Raiva bovina é uma zoonose, infecto-contagiosa causada por vírus, preocupando e trazendo prejuízos aos pecuaristas, refletindo em impacto para a Saúde Pública.
O transmissor da raiva em bovinos são os morcegos hematófagos, e 55% dos casos são encontrados nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Paraná, e em 2006, 2.600 casos de raiva foram registrados oficialmente em herbívoros.
O botulismo é uma doença ocasionada por uma bactéria do gênero Clostridium, o Clostridium botulinum, encontrado no solo, água, matéria orgânica de origem animal e vegetal, e no trato gastrointestinal dos animais. O Clostridium na forma de esporos são extremamente resistentes, podendo sobreviver por longos períodos nos mais diversos ambientes, proliferando em carcaças ou material vegetal em decomposição, nos quais produz uma neurotoxina que, quando ingerida, causa a doença.

EPIDEMIOLOGIA

A raiva é comumente descrito em áreas próximas de grutas e ou onde existam residências abandonadas. O morcego hematófago que tem hábito noturno, ao sugar o sangue dos herbívoros (principalmente eqüinos e bovinos), libera uma substância “anestésica”, ingerindo sangue vários dias do mesmo animal, na região da “tabua do pescoço”. A doença tem um período de incubação médio de 30 a 90 dias, que pode sofrer variações por diversos fatores como a extensão, a profundidade e a localização da ferida causada pela mordedura, como também a cepa e a carga viral transmitida na mordedura.
Após a incubação o vírus ataca inicialmente o Sistema Nervoso Periférico, para posteriormente chegar ao Sistema Nervoso Central, onde inicia novamente uma intensa multiplicação sendo disseminado para diversos órgãos e glândulas, em especial as salivares.
O botulismo em bovinos tem sido mais comumente descrito em rebanhos a campo, estando normalmente associado a uma deficiência de fósforo nas pastagens, bem como devido a uma inadequada suplementação mineral, que determina um quadro de depravação do apetite, com osteofagia (ingestão de ossos), nos animais. Nos alimentos, o esporo passa, em geral, sem causar problemas pelo trato alimentar do animal vivo, mas, em carcaças o esporo encontra condições ideais de anaerobiose para se desenvolver e produzir toxinas, contaminando principalmente os ossos, cartilagens, tendões e aponeuroses que são mais resistentes à decomposição. Com isso, ao ingerir fragmentos de tecidos ou ossos, outros bovinos adquirem a toxina e, também, esporos, estabelecendo assim a cadeia epidemiológica do botulismo a campo.
As condições de risco para animais confinados ocorrem quando estes recebem silagem, feno ou ração mal conservadas, com matéria orgânica em decomposição, ou com cadáveres de pequenos mamíferos ou aves, que criam condições ideais para multiplicação bacteriana e produção de toxina. Reservatórios de água contaminados por carcaças de roedores ou pequenas aves, também podem ser considerados como possíveis fontes de infecção para bovinos estabulados.
A cama de frango usada na suplementação alimentar de bovinos tem sido relatada como a maior fonte de infecção para animais confinados nos últimos anos, em função da presença de restos de aves. A possibilidade de surtos de botulismo que apresentem como fonte de infecção águas paradas (açudes), associados a períodos de estiagens prolongadas, épocas quentes e altas concentrações de material em decomposição, têm sido mais comumente descritos em bovinos.

SINTOMAS
Os sintomas entre raiva paralítica e botulismo é muito semelhante, mas o médico veterinário, alem do conhecimento e experiência profissional, tem o auxílio da anamnese ( séries de perguntas e levantamentos de informações), e também com o diagnóstico laboratorial, que é o diagnóstico conclusivo, através do exame do cérebro.
RAIVA: Quando são contaminados com o vírus rábico, a primeira sintomatologia que o animal apresenta é a mudança de comportamento, em que na maioria das vezes se afastam do rebanho, não se alimentam ou bebem água, pois logo perdem o apetite e apresentam sinais de lacrimejamento e corrimento nasal.
Como a morte ocorre 3 a 4 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, a evolução da doença é muito rápida, os animais começam a fazer movimentos anormais das extremidades posteriores, apresentam uma alta hipersenbilidade no local da entrada do vírus e uma dilatação pupilar, tremores musculares.
Os sintomas são muito rápidos, em que os animais apresentam uma salivação intensa, incoordenação dos membros posteriores, com dificuldade de ficar em pé e na fase final da doença o animal começa a apresentar um andar cambaleante com mugidos seguidos e entrecortados, caindo ao solo e apresentando dificuldades de se levantar, pela paralisia que acontece no membro posterior.
O processo de debilidade orgânica é aumentado devido à dificuldade de deglutição e de beber água e os sintomas aparecem com mais intensidade como o aumento da salivação que se torna abundante, as contrações musculares ficam mais intensas, aparecem os movimentos de pedalagem e finalmente a dificuldade respiratória, asfixia e a morte.
BOTULISMO botulismo é uma intoxicação cujo quadro sintomatológico, no que diz respeito à velocidade de aparecimento dos sintomas e severidade, está diretamente relacionado com a quantidade de toxina ingerida pelo animal. O período de incubação pode variar de algumas horas até dias. A doença pode ser dividida em quatro formas distintas (superaguda, aguda, subaguda e crônica), de acordo com a gravidade dos sintomas e do tempo de vida do animal.
Na fase inicial, os animais apresentam graus variados de embaraço, incoordenação e anorexia. Tem início então, um quadro de paralisia muscular flácida progressiva, que começa pelos membros posteriores e faz com que os animais prefiram ficar deitados (em decúbito esterno-abdominal = peito para baixo) e, quando forçados a andar, o fazem de maneira lenta e com dificuldade (andar cambaleante e lento). O componente abdominal da respiração se torna acentuado e o vazio se torna fundo. Os animais podem sucumbir repentinamente se estressados.
Com o avanço da doença, a paralisia muscular se acentua, impedindo que o animal se levante, embora ainda seja capaz de se manter em decúbito esternal (com o peito pra baixo e cabeça erguida), progredindo para os membros anteriores, pescoço e cabeça, que faz com que a cabeça fique junto ao solo ou voltada para o flanco. A paralisia muscular afeta a mastigação e a deglutição, levando ao acúmulo de alimentos na boca, além de exteriorização espontânea da língua (protrusão). O animal apresenta diminuição dos movimentos ruminais.
Na fase final o quadro de prostração se acentua, fazendo com que o animal tenha dificuldade para se manter em decúbito esternal, tombando para os lados (em decúbito lateral). A consciência é mantida até o final do quadro, quando o animal entra em coma e morre.
Nos quadros mais agudos, a morte ocorre em um ou dois dias, após o início dos sintomas, geralmente por parada respiratória em função da paralisia dos músculos responsáveis pelos movimentos respiratórios.
Em casos subagudos, o animal sobrevive por três a sete dias, sendo a forma mais comum encontrada a campo. Esta forma apresenta a sintomatologia de forma mais evidente, porque desenvolve-se em um período mais longo.
Já na forma crônica o animal sobrevive por mais de sete dias, e um pequeno número deles pode até recuperar-se após três ou quatro semanas, uma vez que os sintomas não ocorrem de maneira tão acentuada como nas formas anteriores. Apesar do decúbito, os animais podem continuar se alimentando, visto que o apetite se mantém. Animais que se recuperam podem apresentar estertores respiratórios que persistem por algum tempo.
Como podemos observar, pode-se confundir as duas patologias, pois uma envolve paralisia pelo sistema nervoso e a outra envolve paralisia pela toxina agindo na musculatura e só um médico veterinário para diferenciação das mesmas.

PROFILAXIA

As medidas preventivas, esta relacionada com o tipo de patologia:
RAIVA:
Alêm de todo manejo adequado na propriedade ( manejo nutricional, parasitário), são dois os pontos fundamentais para o controle da raiva bovina
1-Eliminação dos morcegos hematófagos.
2-Vacinação estratégica preventiva em áreas de risco.
BOTULISMO:
O mais importante de tudo, é manter boa condição nutricional dos animais, principalmente o nível de fósforo satisfatório num sal de excelente qualidade, para evitarmos a osteofagia.
Sempre manter pastos livres de ossos ( queimar e enterrar restos de aves e animais mortos ).
Não usar cama de frango ( atualmente esta proibido o uso desta fonte de alimentação em animais rastreados – destinados à exportação).
Vacinação preventiva de acordo com calendário sanitário desenvolvido pelo médico veterinário na propriedade.

TRATAMENTO
No caso da raiva, é valido lembrar que a raiva não tem cura tanto em animais como em seres humanos.
No caso de botulismo, pode-se tentar tratamento na forma aguda, mas na maioria dos casos, o prognóstico é desfavorável.

Vili sugere que em aparecimento de suspeita de uma dessas enfermidades, chamar urgente um médico veterinário, e imediatamente iniciar a vacinação tanto da Raiva como do botulismo, até diagnóstico conclusivo.