AGRO RURAL: DOURADOS MS SEJA BEM VINDO

É grande a satisfação em recebermos em nosso blog, procuraremos sempre adicionar matérias técnicas direcionadas principalmente à medicina veterinária. Dicas e sugestões, estamos à disposição. TFA.

ASSUNTOS:

Abril 10:

-BOVINOS DE CORTE: DESMAMA EM BOVINOS

-GADO DE LEITE: CONTROLE E SECAGEM DAS VACAS.

- SUINOCULTURA: ORIENTAÇÕES EM CRIAÇÃO CAIPIRA

- SAIBA MAIS SOBRE A GRIPE H1N1

- CURTIMENTO DA PELE DE COELHO

- CRIAÇÃO DE COELHOS

- RAIVA OU BOTULISMO ?

- MANEJO DE OVINOS

Maio 10:

- CANA DE AÇUCAR: UMA ALTERNATIVA DE ALIMENTO PARA A SECA (EMBRAPA).

Julho 10:

- MORTALIDADE DE BOVINOS NO FRIO

Agosto 10:

- PICADA POR COBRAS: SINTOMAS E PRIMEIROS SOCORROS
- SABÃO CASEIRO













sexta-feira, 16 de abril de 2010

MANEJO DE OVINOS

MANEJO EM OVINOS

O DIÁRIO MS, em outra ocasião publicou uma matéria especifica sobre verminose em ovinos, e devido ao grande sucesso, solicitamos junto ao médico veterinário Vili Schulz para que escrevesse uma matéria sobre manejo básico em ovinos.
O manejo são todas aquelas atitudes adotadas em uma criação, e é de extrema importância na ovinocultura, depende muito do ambiente. Dividiremos o manejo em alguns pontos a seguir:

RAÇAS:
As raças escolhidas dependem muito da região, pois o ambiente é fundamental, pois algumas raças se adaptam melhor que outras em determinadas regiões, e suas características (corte/lã) as definem. Na nossa região predomina-se as raças sulfolk, Hampshire Down, Ile de France, Texel e Santa Inês.

CRUZAMENTOS:
O cruzamento industrial, no caso de Mato Grosso do Sul, é indispensável, pois aproveitamos a rusticidade de fêmeas de raças não definidas de nossa região( melhor adaptadas ), que cruzadas com reprodutores com potencial genético à carne, conseguirão cordeiros com carne de melhor sabor, aroma e maciez, alêm de melhor resposta de ganho de peso à alimentação.

FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DOS CORDEIROS
Os cordeiros possuem um crescimento acelerado até os 8 meses de idade, atingindo uma maturidade por volta de 48 meses.
Entre esses fatores, podemos relacionar:
Peso ao Nascer: Fêmeas bem nutridas, tendem a obterem cordeiros mais pesados, reduzindo a mortalidade. Nos últimos 50 dias de gestação, fornecer alimentos e pastagens com alto nível nutricional, para que os cordeiros possam nascer com peso acima de 3,5Kg.
Perfil Hormonal: O fotoperíodo ( luminosidade ) pode alterar o perfil hormonal, afetando a reprodução e o crescimento. É comprovado que dias mais longos, tem-se maior ganho, melhor conversão e menor tempo de abate. Animais inteiros, por causa do nível de testosterona, apresentam crescimento mais rápido em relação aos castrados.
Alimentação: Uma boa alimentação láctea vai influenciar positivamente no desenvolvimento do cordeiro. Cordeiros gêmeos sofreram, pois a fêmea só consegue aumentar em 30% a produção de leite, portanto, o menos desenvolvido vai ter maior sucesso se criado em separado, ou se adotado por outra fêmea.

IDADE DAS MATRIZES:
As fêmeas de 1º gestação apresentam menor eficiência reprodutiva, consequentemente os cordeiros de 1º cria desenvolvem menos. Na eficiência reprodutiva, considera-se fertilidade, prolificidade e sobrevivência dos cordeiros. A eficiência reprodutiva de uma fêmea aumenta até os 6-7 anos, diminuindo após esse período, por isso Vili Schulz pede para o criador ficar atendo à reposição do rebanho.
A puberdade inicia-se aos 8 meses de idade, e o início da vida reprodutiva ( depende da nutrição) tem como critério básico o peso, que é por volta dos 40 kg de peso vivo ( aproximadamente 16 a 20 meses).

REPRODUÇÃO:
A ovelha é poliestra estacional, ou seja, apresenta vários ciclos estrais em determinado período do ano, e cada ciclo dura por volta de 17 a 21 dias. Nossa região (Mato Grosso do Sul), esse período é maior do que região sul do Brasil, o que permite maior flexibilidade nos acasalamentos, dando maior opção para comercialização.
Estação de monta: a estação de monta inicia-se logo após o inverno, e não deve ser maior do que 60 dias, tempo ideal para avaliar as que não conseguiram entrar em gestação.
Monta natural: Neste sistema as fêmeas ficam com o reprodutor 24 horas por dia, podendo neste caso pintar o peito do macho com tinta variando a cor cada 15 dias, para separar e ou anotar as fêmeas que foram cruzadas. Adota-se 1 macho reprodutor para cada 40 femeas.
Monta natural controlada: Neste sistema, faz-se o uso de rufiões (machos vasectomizados ou fêmeas androgenizadas), e também com o uso de tinta, só que no peito dos rufiões, separam-se as fêmeas em cio num piquete próximo para que a monta seja assistida ( controlada ). Costuma-se também usar 1 reprodutor para cada 40 femeas.

AUMENTO DA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA
Vili Schulz orienta que 3 a 4 semanas antes do inicio da estação, aumentar os níveis nutricionais, colocando as fêmeas em uma excelente pastagem, com presença de sombras, e se possível fornecer um adicional de ração para aumentar a deposição de gordura, aumentando desta forma a eficiência reprodutiva. Tosquiar a fêmea 1 mês antes do inicio da estação de monta também apresenta excelente resultado, pois a fêmea irá comer mais para controlar a temperatura corporal, sobrando energia acumulada para o inicio da estação de monta. Outra técnica utilizada é separar todos os machos das fêmeas 1 mês antes da estação, não permitindo nem mesmo o contato visual, e quando esses são colocados com as fêmeas, as mesmas desencadearão que chamamos de sincronização natural, e os nascimentos serão mais homogêneos.
Vili diz que eficiência reprodutiva não é número de cordeiros nascidos, mas sim o número de kg que uma fêmea consegue desmamar. Portanto ao descartar as fêmeas, verificar a eficiência reprodutiva, número de kg desmamados, sensibilidade a enfermidades. Em nossa região a ausência de sombras em pastagens, no período de verão, pode ocorrer reabsorção fetal.
Outro cuidado que o médico veterinário chama a atenção é para o uso de sal mineral específico para ovinos, principalmente por causa da ingestão além do recomendado de Cobre, que se torna tóxico para os ovinos, devendo usar sal mineral de empresas confiáveis.
Pode-se criar ovelhas juntamente com bovinos, em sistema extensivo, mas a rotação de pastagens e uso freqüentes de vermífugos é indispensável.

DO NASCIMENTO AO MERCADO
Uma boa programação de carcaças de boa qualidade, vem ainda durante a gestação que se dá por volta de 150 dias. O período mais importante é nos últimos 50 dias, onde ocorre 70% da formação fetal e preparação para a lactação. Ainda no ultimo mês aplicar vacina contra “clostridioses”.

RECÉM NASCIDOS: Parir em um piquete próximo com pastagem limpa, baixa. Vistoriar este piquete 3 vezes ao dia. Após o nascimento, esperar o cordeiro secar e ficar firme para corte e desinfecção do cordão umbilical com iodo, e aplicar 0,5 ml de doramectina (Dorax), para evitar a “bicheira”.

DESMAME: cada sistema vai depender de cada situação, como veremos a seguir:
Desmame precoce: se dá entre 21 e 45 dias de idade. Este sistema é preferencial em regiões com presença de umidade, maior lotação de cabeças, terminação em confinamento e consequentemente em criações com potencial genético mais elevado.
Desmame semi precoce: se dá de 60 aos 100 dias de idade. É muito bem aceito em pastagens de alta qualidade, com lotação média. A terminação se dá geralmente em semi confinamentos.
Desmame tardio: Este sistema só é justificável em sistemas extensivos, pois 75% da produção de leite se dá nas 8 primeiras semanas de parição, com pico entre a 3ª e 4ª semana, e necessita de alimento sólido apartir dessa 3ª semana. Com 10 dias de idade pode-se usar o Creep feding ( local onde só entra o cordeiro ), com formulação envolvendo quirera de milho, farelo de soja, calcáreo e 0,5% de premix mineral.
1 dia antes do desmame, prender os cordeiros sem água e sem alimento, e observar a fêmea cada 2 dias, olhando o úbere para evitar mastite (não poderá estar duro e quente).
TERMINAÇÃO:
O Sistema de terminação depende da condição ambiental e da disponibilidade de alimentos, bem como uso de instalações. Vili orienta sempre analisar o custo x benifício e a procura ( venda da produção ) antes de qualquer investimento.
Confinamento Total: grandes criações, com áreas menores e disponibilidade de alimentos. Requer animais com maior potencial genético para responder a alimentação, pois o custo é maior. O cordeiro deverá ter bom desenvolvimento, boa conversão e boa deposição de gorduras, sempre equilibrando os fatores manejo, alimentação e potencial genético. O peso de venda esta por volta dos 30 kg. O conforto no confinamento é importante, pois reduz-se o stress dos animais. O piso pode ser cimento ou terra, mas deve ter cama de palha de arroz, maravalha, feno, ou então ser piso ripado, com pelo menos 1 m de altura do solo, para facilitar a limpeza. O espaço do ripado pode ser da largura de uma caixa de fósforo. O espaço por animal no confinamento é de 1 m²/cabeça. O ganho deve ser superior a 200 g/cabeça/dia.
Semi confinamento : Usado em condições de boa pastagem, com baixa infestação de vermes, com suplemento alimentar.
Pastagem: é o que chamamos de terminação em sistema extensivo, em grandes áreas, corre-se o risco se houver uma lotação maior, uma maior incidência de vermes.
Vili Schulz finaliza lembrando que a ovinocultura requer bastante cuidados, e técnicas de manejo são primordiais para o sucesso da criação.